Para responder a essa e outras questões relacionadas à universalização do saneamento básico no Brasil, a Hidrogeron convidou para uma entrevista Yves Besse, CEO da Cristalina Saneamento, uma empresa nova no setor, mas que já nasceu forte graças ao know how da equipe que a compõe.
Engenheiro civil, Besse é consultor e especialista em Parcerias Público Privadas (PPPs) e concessões e já ocupou cargos de direção em grupos mundiais como Dumez-GTM e Lyonnaise des Eaux/Suez. Fundou a CAB Ambiental (atual Iguá), atuando também como CEO. Liderou ainda a Veolia Water Technologies Project para América Latina.
Nascido no Brasil mas filho de franceses, Besse tem uma forte relação com o país europeu que é considerado um dos melhores do mundo em saneamento básico. A pedido da Hidrogeron, ele traçou paralelos comparativos entre a França e o Brasil no que diz respeito ao saneamento básico, desmistificando um preconceito de que a municipalização do saneamento é inviável. “Fala-se muito no Brasil: Ah, existem municípios inviáveis! Não existem municípios inviáveis, o que existe é um modelo inviável para aquele município e o modelo da França nos traz essa conscientização”, aponta o presidente da Cristalina, e coloca as informações na mesa: “A França tem quase 36 mil municípios para uma população de 70 milhões de habitantes. No Brasil temos (algo em torno de) 5.570 municípios que abrigam 210 milhões de habitantes e um território 14 vezes maior que o francês”, disse Besse.
Para ele, o problema está na diferença de formatos: : “Os franceses resolveram isso com uma regionalização, mas diferente da nossa. Eles possuem consórcios regionais de municípios enquanto a nossa regionalização, de acordo com nossa legislação, que é estadual e vem da época do Planasa, dos anos 70, e que não trouxe os resultados esperados”. Quando questionado sobre a viabilidade financeira para que os municípios se responsabilizem pelo saneamento básico, Yves Besse aponta alternativas: “A França implantou o conceito de usuário e poluidor/pagador, ou seja, quem usa a água ou joga a água em uma bacia hidrográfica tem que pagar por isso. Com isso, essas agências de bacia hidrográfica conseguem arrecadar recursos vultuosos e eles são repassados à própria bacia, subsidiando os investimentos municipais necessários”.
Ives também fala sobre outros assuntos pouco debatidos no país, como a drenagem pluvial e modelos de concessões.
A cloração das águas é viável nos municípios?
Essa pergunta não faz parte da entrevista com o presidente da Cristalina, mas a Hidrogeron mesmo responde: sim, é viável, mesmo em localidades menores e mais distantes.
Os principais problemas apontados são distância dos grandes centros que fabricam produtos que são utilizados no tratamento da água de abastecimento público gera um grande problema logístico em um país do tamanho do Brasil. Atrasos na entrega do cloro comercial, custos de manutenção, mão-de-obra especializada e a rápida degradação do cloro que impede o armazenamento por longos períodos são alguns dos principais pontos que inviabilizam a aquisição de cloro comercial.
Para resolver esses problemas, a Hidrogeron criou, em 1996 o gerador de hipoclorito de sódio in loco, ou seja, a partir da eletrólise da salmoura, o cloro é fabricado no próprio local onde será aplicado, como em estações de tratamento ou indústrias, por exemplo. O único insumo externo utilizado (além da água e eletricidade) é o sal de cozinha (cloreto de sódio), muito mais barato, acessível e não perecível, podendo ficar armazenado por um longo tempo sem perder sua qualidade. Isso reduz consideravelmente os custos de transporte de insumos e facilita sobremaneira a operação, uma vez que é automatizado. Como Hidrogeron possui uma ampla equipe de assistência técnica em todo o Brasil, os custos de manutenção também diminuem, assim como o tempo de resposta aos chamados.
Atualmente a tecnologia Hidrogeron é utilizada em mais de 500 cidades brasileiras com equipamentos de todos os portes, que vão da capacidade para gerar de 250g de cloro livre por dia a instalações cuja produção ultrapassa passam de 1,5 tonelada de cloro/dia. Por isso, é possível afirmar que, seja qual for o tamanho e recursos de um município, sim, a cloração de alta performance é uma realidade possível e ao alcance de todos.